Pesquisadores desenvolvem inteligência artificial para detectar câncer de boca em estágio inicial no RS
13/12/2025
(Foto: Reprodução) Inteligência Artificial na luta contra o câncer
🦷 Criar um sistema baseado em inteligência artificial capaz de apontar sinais precoces do câncer de boca, aumentando as chances de tratamento e cura: esse é o objetivo de um projeto inovador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Pesquisadores das áreas de Odontologia e Informática trabalham juntos para desenvolver essa tecnologia, que pode mudar a forma como a doença é identificada.
O estudo tem como foco o carcinoma espinocelular, tipo de tumor que se forma na mucosa bucal e atinge cerca de 15 mil brasileiros todos os anos.
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De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), aproximadamente 6 mil pessoas morrem em decorrência da enfermidade, e mais de 60% dos casos são descobertos em estágio avançado.
Como funciona a pesquisa
A proposta é permitir o rastreamento da doença em grupos com maior risco, como pessoas que fumam e consomem álcool, fatores que estão entre as principais causas do câncer de boca.
O processo começa com a coleta de fluidos da boca do paciente, que são analisados ao longo de um acompanhamento prolongado.
Tradicionalmente, essa análise é feita de forma manual, com especialistas observando alterações nas células por meio do microscópio. O novo sistema automatiza essa etapa: a inteligência artificial identifica mudanças no núcleo celular, como aumento de estruturas, variações de forma e cor, que podem indicar predisposição ao câncer.
Essa automação torna o processo mais rápido e escalável, permitindo realizar muito mais exames em menos tempo.
"O que os nossos sistemas que utilizam inteligência artificial fazem é substituir essa inspeção visual que é demorada, cansativa, por um processo automatizado extremamente mais rápido e que, portanto, permite escalar esse processo para que a gente possa realizar muito mais exames em um tempo pequeno", explica o professor do Instituto de Informática da UFRGS Manuel Menezes de Oliveira Neto.
Complemento aos exames clínicos
A tecnologia não substitui procedimentos como a biópsia, mas pode se tornar um exame complementar para indicar risco antes do surgimento das lesões.
Segundo os pesquisadores, a ideia é estabelecer valores de referência que ajudem a identificar pacientes com maior ou menor probabilidade de desenvolver a doença.
Aplicação futura
O projeto faz parte de uma pesquisa acadêmica da professora e doutoranda Tatiana Wanmacher Lepper e deve levar cerca de 10 anos para ser concluído. Esse prazo é necessário para estudos longitudinais, que acompanham pacientes por um longo período e validam os padrões identificados.
A expectativa é que, no futuro, o sistema possa ser incorporado à rede pública de saúde, ampliando o acesso ao diagnóstico precoce.
"A gente precisa acompanhar esses pacientes por um tempo prolongado para ver se esses valores seguem o mesmo padrão que estavam seguindo ali no estudo transversal, ou se sofre alguma alteração, caso em que será necessário ajustar esses valores de referência e também os sistemas, otimizando-os para que funcionem adequadamente nos processos de análise", comenta Tatiana.
Pesquisadores do RS usam tecnologia com IA para detectar câncer de boca em estágio inicial
Reprodução/RBS TV
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